sexta-feira, 6 de setembro de 2013

o primeiro abraço

no início, era dor. o primeiro choro expressa o rompimento com o conforto, o desejo de volta. nossa estreia no palco da vida. e estreia tem disso: um nervoso que não cabe. choro que expurga o medo do mundo. choro que expressa o desejo da volta. choro que implora por um abraço.

e é no primeiro abraço que encontramos a paz. tudo que fazemos depois é uma busca pelo primeiro abraço. conforto. pele. calor. sensações que não cabem. abraço que estabiliza. abraço que traz segurança. abraço com gosto de quero mais.

no caminho, era dúvida. não tinha o mapa, mas foi mesmo assim. sem saber se entra à direita ou à esquerda. segue em frente. desamparo que não cabe. a busca pelo primeiro abraço te move. em frente. sem volta. sem direção. movimento para se salvar. movimento para se perder. movimento para se encontrar.

mas é difícil ler o mundo. aprendemos a ler livros, revistas, placas, bulas de remédio. mas ninguém nos ensina a ler o mundo. no primeiro erro, a decepção. no segundo, o choro. no terceiro, a desconfiança. de tudo e todos. desconfiança que não cabe. fuga que ilude. fuga para disfarçar. fuga como único meio de proteção.

e então, tudo muda. falta o ar. faltam palavras. falta compreender o incompreensível. o olhar que fala. o sorriso que conforta. o primeiro abraço. podemos discutir todos os conceitos do mundo. não há palavra que defina. felicidade que não cabe. confiança que não cabe. desejo que não cabe. esperança que não cabe. borboletas que não cabem.

o invisível não cabe em lugar algum.
não cabe.



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