Na parede do meu quarto tem uma marca. Há dias em que parece um navio e eu me deixo navegar. Outros dias é um homem triste, outros uma moça dançando na chuva...
As vezes é só uma marca de infiltração.
Da cama, eu vejo a estante. Os livros estão organizados por assunto. Como numa biblioteca, só que do meu jeito. Os livros maiores ficam no canto por causa da base da prateleira de cima. Não cabem. Mas são os mais bonitos. Depois, ficam por ordem de tamanho. Me irrita livro muito grande e muito pequeno misturado. Além disso, desse jeito fica mais fácil reconhecer a capa a certa distância. Dia desses, fui pegar um livro na estante. Quando puxei, caiu tudo em volta. Misturou ficção e teoria. História e fantasia. Me deu uma preguiça de arrumar. Sentei na beira da cama, estática, olhando toda aquela bagunça.
Por onde começar?
Foi quando vi a marca na parede. Na parede do meu quarto tem uma marca. Há dias em que é uma fenda, que me leva para outra dimensão. As vezes é só uma marca de infiltração.
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