domingo, 26 de julho de 2009

Filme "de menino" e filme "de menina"

Ontem, não sei bem o porquê, veio a minha mente uma reflexão no mínimo curiosa: Porque meninos gostam de filmes de aventura e meninas gostam de musicais, quando o problema principal de ambos os gêneros é o mesmo - a questão da verossimilhança.
Me lembro que há alguns anos um namorado me levou para assistir 007 e depois de dez minutos de filme eu queria desesperadamente ir embora do cinema: pra mim era impossível assistir um filme em que o personagem cai de um avião, sai esquiando e sobrevive feliz. Aquilo era muito surreal pra mim. Meu namorado me obrigou a ficar até o final e assistir mais alguns "absurdos" do gênero.
Como revanche, levei o mesmo namorado para assistir Chicago. Ainda na porta do cinema, ele protestou "Ah, não! Musical eu não gosto! Aquilo não faz nenhum sentido. As pessoas estão na vida normal delas e do nada um começa a cantar e surgem bailarinos e a vira tudo uma festa. Não... não dá!"
Pois é... agora a minha questão é a seguinte: porque as mulheres gostam de musicais, mas não conseguem engolir a falta de realismo dos filmes de ação e os homens agem de maneira contrária? Ambos os gêneros NÃO SÃO sustentados pela realidade. Qual a diferença crucial que faz os homens gostarem mais de um gênero e as mulheres de outro?

Não sei a resposta... mas devo deixar registrado que eu continuo não gostando de 007... mas meu ex-namorado adorou Moulin Rouge e Chicago.

domingo, 19 de julho de 2009

Misunderstood


Ninguém fala a minha lingua e os que falam o mesmo idioma que eu parecem não entender o que quero dizer. Será que eu desaprendi a me expressar? Tenho a sensação de que faltam palavras em todas as linguas. Misturo idiomas. Não chego a lugar nenhum. As vezes tenho a impressão de que as imagens me bastariam, apesar delas incitarem interpretações diferentes em cada pessoa que as vê. Mas no fim, não é sempre assim? Cada um interpreta tudo ao seu redor a partir de suas próprias experiências. Impossível ser de outra maneira. Me parece que somos todos espelhos, refletindo nossas próprias imagens uns nos outros.
Me fiz entender?

Creio que não.
Mas já cansei de tenter me fazer entender e de me explicar... e se eu alguém conseguir me entender, por favor, me esclareça... porque eu também não tenho muita certeza de mim mesma.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A vida estraga a Ficção

Don Juan de Marco é um dos meus filmes favoritos. A primeira vez que o assisti devia ter mais ou menos uns 10 anos e desde então o revi inúmeras vezes. Como todo bom filme, cada vez que eu o revia, descobria algo de novo, que a minha inexperiência anterior havia deixado escapar. Ontem, Simone de Beauvoir me falava de Haréns e me lembrei de Don Juan vestido de mulher num harém. Fiquei com vontade de rever o filme. Já na primeira cena, me choquei. Aquele filme que eu tinha visto tantas vezes me parecia um filme completamente novo. Como assim aquele homem estava vestido daquele jeito numa cidade norte-americana na década de 90??? Pela primeira vez, me passou pela cabeça logo de cara, na primeira cena do filme, que ele era louco. O filme desmoronou na minha frente. Marlon Brando como o psiquiatra que "entra na onda" do louco, o hospício, o mundo real... Tentei enxergar o filme como antes, mas minha vida não deixa. Pra mim ele era o Don Juan. Sempre foi. Eu nunca havia duvidado disso. Porque as minhas experiências me prendem tanto à vida real que não consigo mais ter essa fantasia? O filme continua belíssimo, mas é outro...

E a vida estraga pouco a pouco o meu mundo mágico ficcional...

"There are only four questions of value in life, Don Octavio:
What's sacred?
Of what is the spirit made?
What's worth living for?
and
What's worth dying for?
The answer for each is the same: only love."

(Don Juan de Marco)