sexta-feira, 17 de abril de 2015

sólido


A solidão pulsa no meu corpo. 
Sinto que se ficar aqui parada por muito tempo meu corpo vai latejar até se desfazer e se tornar parte dessa cadeira. Finalmente teria alguma utilidade. Alguém poderia vir até mim e sentar-se, tirar os sapatos e descansar depois de um dia longo. Por um pequeno momento sentir-se feliz. Finalmente alguma possibilidade de felicidade. Alguma possibilidade de qualquer coisa já me satisfaria. Sentir algo além dessa cadeira dura na qual estou sentada e essa solidão latejante. É possível? 
Acho que estou chorando. Parem de olhar para mim! PAREM! Vocês nunca viram uma pessoa sozinha? Não! Acho que vocês nunca viram absolutamente NADA. Passam apressados de casa pro ônibus, do ônibus pro trabalho e de volta pro ônibus amontoados nessa multidão sonâmbula, eternamente conectados a seus aparelhinhos eletrônicos. E não notam nada a sua volta. EU ESTOU CHORANDO! Ninguém vai olhar pra mim? 
Está tudo bem. Está tudo bem. TUDO está bem. Eu não chorei. Eu perdi a capacidade de chorar. E não tem ninguém aqui. Apenas essa solidão palpável que me acompanha dia e noite. Essa solidão dura na qual estou sentada. Somente solidão. Sólida. Só.

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