No princípio, era vazio
E aí...
alguém preencheu
mas tudo que enche um dia transborda
e é preciso esvaziar para renovar
e ser novamente preenchido
era tão mais fácil preencher o vazio com lápis de cor...
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
CORAGEM
é preciso coragem para preencher o vazio
de algo mais que álcool
ego
e pequenas distrações
é preciso coragem para viver de cabeça erguida
enfrentando os perigos
os riscos
os danos reais.
é preciso coragem para apostar alto
fechar os olhos e se deixar levar
confiar no outro
se jogar...
é preciso coragem para dar a cara a tapa
arriscar o que importa
tirar os pés do chão
por um pequeno instante que seja
é preciso muita coragem pra ser feliz.
de algo mais que álcool
ego
e pequenas distrações
é preciso coragem para viver de cabeça erguida
enfrentando os perigos
os riscos
os danos reais.
é preciso coragem para apostar alto
fechar os olhos e se deixar levar
confiar no outro
se jogar...
é preciso coragem para dar a cara a tapa
arriscar o que importa
tirar os pés do chão
por um pequeno instante que seja
é preciso muita coragem pra ser feliz.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
sanguessuga
As lágrimas presas na garganta
o velho e inexpressivo pulsar do tempo
uma
duas
três da manhã
o sono se escondeu no mesmo lugar que as lágrimas
atrás de algum móvel
ou debaixo da cama, quem sabe?
O vazio e a solidão parecem se alimentar gradativamente da minha tristeza
como sanguessugas
ou colibris...
Talvez por isso as lágrimas não me cheguem aos olhos:
tal escape seria inaceitável à natureza das minhas sanguessugas
e dos meus colibris.
Morreriam de fome
inevitavelmente.
Enquanto isso, pensamentos me invadem sem sentido algum.
Nenhuma placa de "siga" ou "pare" ou "proibido estacionar"
nada.
absolutamente nada que me indique qualquer direção.
As palavras jorram de uma fonte inesgotável
quando menos se espera
nos lugares menos apropriados.
A poesia vem como um quebra-cabeças
e preciso me concentrar profundamente para encaixar os fragmentos.
Trabalho árduo e em vão, já que não conheço a figura que devo formar...
Será que algum dia encontrarei a ordem certa?
ou ficarei eternamente tentando reorganizar meus fragmentos,
minhas sanguessugas
e meus colibris?
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
ecoar...
As vezes a gente transborda:
arte.
sentimento.
alguma coisa que encontre eco
em um espaço qualquer...
transbordar é vomitar:
incontrolavel.
violento.
inesperado.
alívio.
As vezes a gente vomita:
verdades.
desejos.
alguma coisa que se pareça
com uma emoção qualquer...
transbordar é imprescindível.
vomitar é inevitável.
vital.
inconsciente.
necessário.
Transborde.
Vomite.
Regorgite.
Transforme.
Seja.
Ser é deixar de ser.
Escolher é correr riscos.
Arriscar é viver:
Viva!
arte.
sentimento.
alguma coisa que encontre eco
em um espaço qualquer...
transbordar é vomitar:
incontrolavel.
violento.
inesperado.
alívio.
As vezes a gente vomita:
verdades.
desejos.
alguma coisa que se pareça
com uma emoção qualquer...
transbordar é imprescindível.
vomitar é inevitável.
vital.
inconsciente.
necessário.
Transborde.
Vomite.
Regorgite.
Transforme.
Seja.
Ser é deixar de ser.
Escolher é correr riscos.
Arriscar é viver:
Viva!
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Abismo
Ouviu aquelas palavras e sua primeira reação foi correr. Desceu as escadas tropeçando nas próprias pernas. Na descida da ladeira já não sentia seus membros inferiores e quando caiu todo seu corpo estava adormecido. Queria livrar-se daquilo, mas quanto mais desejava, mais alto as palavras se repetiam. Caia cada vez mais. Despencava, insensível, naquele abismo sem fim. Não tinha controle de seus sentimentos, muito menos de sua ações. Era como se seu corpo pertencesse ao abismo. Queria sair dali, mas era sugada por uma força maior.
No dia seguinte, acordou em sua cama. O corpo ferido da cabeça aos pés. Não reconheceu se próprio rosto no espelho. Via somente o abismo. Aos poucos, recuperou os movimentos dos dedos, das mãos, das pernas. Eram seus novamente. Teve medo ao tentar andar. Mas, por mais que tentasse, era incapaz de lembrar as palavras que a derrubaram. Não passavam de ruídos distantes, sem nenhum sentido. No espelho, primeiramente reconheceu o olhar, mais tarde o sorriso e num curto espaço de tempo já andava novamente. Passos seguros. Mas no fundo dos seus olhos ainda habitava o abismo.
No dia seguinte, acordou em sua cama. O corpo ferido da cabeça aos pés. Não reconheceu se próprio rosto no espelho. Via somente o abismo. Aos poucos, recuperou os movimentos dos dedos, das mãos, das pernas. Eram seus novamente. Teve medo ao tentar andar. Mas, por mais que tentasse, era incapaz de lembrar as palavras que a derrubaram. Não passavam de ruídos distantes, sem nenhum sentido. No espelho, primeiramente reconheceu o olhar, mais tarde o sorriso e num curto espaço de tempo já andava novamente. Passos seguros. Mas no fundo dos seus olhos ainda habitava o abismo.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
menos do mesmo
Cansei do ritmo
da simetria
da rima
da perfeição
Cansei dos rótulos
do sapato fechado
da gravata apertada
do padrão
Cansei do monocromático
do ton-sur-ton
do politicamente correto
da decisão
Cansei do espelho
do axioma
da aparência
da impressão
Quero mais diferença
mais profundidade
menos do mesmo
mais imperfeição
Quero mais paradoxos
mais falácias
menos realismo
mais abstração
Quero mais potência
mais sinestesia
menos preciosismo
mais opinião
Melhor me jogar!
da simetria
da rima
da perfeição
Cansei dos rótulos
do sapato fechado
da gravata apertada
do padrão
Cansei do monocromático
do ton-sur-ton
do politicamente correto
da decisão
Cansei do espelho
do axioma
da aparência
da impressão
Quero mais diferença
mais profundidade
menos do mesmo
mais imperfeição
Quero mais paradoxos
mais falácias
menos realismo
mais abstração
Quero mais potência
mais sinestesia
menos preciosismo
mais opinião
Melhor me jogar!
foto de Noélia Albuquerque |
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Flaneur 23.10
imagens do vazio rondam minha cabeça
procuro um lugar, um caminho
um objetivo qualquer
teria ele se perdido no passado?
ou estaria aqui, bem diante dos meus olhos
e eu, cega por outros desejos, incapacitada de vê-lo?
a poesia, como o teatro
só importa quando preenchida de verdade
talvez o excesso de verdade seja o problema
da minha vida
do meu presente,
dos meus desejos...
transferir esta verdade pra arte talvez seja a solução...
mas se ela não estiver transbordando na vida,
como pode se tornar verdade na moldura?
agora, só sei o que não quero:
não quero me acomodar
não quero viver de migalhas
não quero passar pelo mundo sem o prazer de ter vivido intensamente
quero somente jogar essas ideias no papel
essas palavras que tanto me atormentam a mente
e não me deixam dormir
e quero acordar vendo essas ideias tomando o mundo
virando imagens, invadindo palcos, ruas, corações
o desejo de realizar é só o início
me faltam forças nas pernas para colocar os pés no chão e dar o primeiro passo.
preciso tirar os sapatos e começar a tentar...
procuro um lugar, um caminho
um objetivo qualquer
teria ele se perdido no passado?
ou estaria aqui, bem diante dos meus olhos
e eu, cega por outros desejos, incapacitada de vê-lo?
a poesia, como o teatro
só importa quando preenchida de verdade
talvez o excesso de verdade seja o problema
da minha vida
do meu presente,
dos meus desejos...
transferir esta verdade pra arte talvez seja a solução...
mas se ela não estiver transbordando na vida,
como pode se tornar verdade na moldura?
agora, só sei o que não quero:
não quero me acomodar
não quero viver de migalhas
não quero passar pelo mundo sem o prazer de ter vivido intensamente
quero somente jogar essas ideias no papel
essas palavras que tanto me atormentam a mente
e não me deixam dormir
e quero acordar vendo essas ideias tomando o mundo
virando imagens, invadindo palcos, ruas, corações
o desejo de realizar é só o início
me faltam forças nas pernas para colocar os pés no chão e dar o primeiro passo.
preciso tirar os sapatos e começar a tentar...
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Carcaça
corpos transparentes
corpos invisíveis
corpos feitos de carne e osso
corpos palpáveis
pernas, braços
corpos reais
suor, sangue
corpos imóveis
corpos cansados
músculos, articulações
corpos em movimento
diversos corpos num só corpo
corpos invisíveis
corpos transparentes que se reconhecem
corpos transparentes que se entendem
corpos divisíveis
diversos corpos - um corpo
um corpo - meus corpos
corpo visível
indivisível
corpos
corpo
cor
sem cor
transparente
invisível
corpos invisíveis que se vêem.
corpos invisíveis
corpos feitos de carne e osso
corpos palpáveis
pernas, braços
corpos reais
suor, sangue
corpos imóveis
corpos cansados
músculos, articulações
corpos em movimento
diversos corpos num só corpo
corpos invisíveis
corpos transparentes que se reconhecem
corpos transparentes que se entendem
corpos divisíveis
diversos corpos - um corpo
um corpo - meus corpos
corpo visível
indivisível
corpos
corpo
cor
sem cor
transparente
invisível
corpos invisíveis que se vêem.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
fazemos fantasias fantásticas! (pronta-entrega)
Fantasia-fantasma.
Fantásticas fantasias!
Fantasmas fantásticos!
fontes de fantasia:
fantasmas
fantomas
sintomas
hematomas.
Fantasmas focados,
Fantasmas alados
Asas fantásticas:
fantasias!
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Happy end
escrevo histórias de amor o tempo todo na minha cabeça
dessas que não fazem sentido
entre estranhos
entre conhecidos
pessoas que nunca se viram
pessoas que se vêem sempre
pessoas que sempre se cruzam, mas não se conhecem:
a moça que passa na rua é desenhada secretamente
pelo desenhista da esquina
a cada dia ele acrescenta um novo detalhe
que observa quando ela passa na sua frente sem notá-lo
pela manhã.
o rapaz pede informações numa banca de jornal
onde uma senhora bem intencionada oferece para levá-lo
ao seu destino
mal sabe ele o quanto ela se sente só.
o trocador entrega o troco para a moça elegante
e espera que no dia seguinte
ela entre novamente no seu ônibus
como fez ontem e anteontem.
ele nem imagina que todas as manhãs ela espera
o ônibus dele para ir trabalhar...
na minha cabeça escrevo o tempo todo
histórias de amor
dessas que não fazem sentido:
com final feliz.
dessas que não fazem sentido
entre estranhos
entre conhecidos
pessoas que nunca se viram
pessoas que se vêem sempre
pessoas que sempre se cruzam, mas não se conhecem:
a moça que passa na rua é desenhada secretamente
pelo desenhista da esquina
a cada dia ele acrescenta um novo detalhe
que observa quando ela passa na sua frente sem notá-lo
pela manhã.
o rapaz pede informações numa banca de jornal
onde uma senhora bem intencionada oferece para levá-lo
ao seu destino
mal sabe ele o quanto ela se sente só.
o trocador entrega o troco para a moça elegante
e espera que no dia seguinte
ela entre novamente no seu ônibus
como fez ontem e anteontem.
ele nem imagina que todas as manhãs ela espera
o ônibus dele para ir trabalhar...
na minha cabeça escrevo o tempo todo
histórias de amor
dessas que não fazem sentido:
com final feliz.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Lembranças
As vezes as lembranças me encontram.
viro a esquina
e lá está: meu passado.
um outro lugar, um outro alguém
outros encontros.
As vezes as lembranças me invadem
lá estou
e de repente: não mais.
As lembranças me invadem, corroem
me desfazem em mim.
As vezes as lembranças me perdem
e subitamente
ouço vozes de quem não está
vejo faces que não me cercam
e me pego sorrindo, chorando
duvidando de mim.
As vezes me encontro com minhas lembranças
em um lugar secreto
só meu e delas: do outro lado
do portal invisivel
que separa o agora do que nunca foi
o agora do que já passou
o agora do que deveria ser.
somente eu
e minhas lembranças
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Para Roma com Amor
Woody Allen
terá que se esforçar muito para fazer algo tão grandioso quanto Meia Noite em Paris. Mas, como um
diretor que filma um novo roteiro por ano, ele mesmo já admitiu que prefere “trabalhar
o tempo todo em vez de fazer de seus filmes algum evento especial de três em
três anos.” O importante para ele é ter uma ideia e desenvolvê-la de forma
satisfatória para trabalhar continuamente.
Tendo dito isto, posso agora elogiar
Para Roma, com Amor como um filme delicioso onde diversas
histórias são contadas simultaneamente. A verdade é que fica a impressão de que
Woody Allen não conseguiu decidir-se por um único fio narrativo e acabou
seguindo todos, sem desenvolvê-los completamente. Ainda assim, o filme é
bastante interessante. A história mais encantadora é a do arquiteto – vivido por
Alec Baldwin – e sua relação enigmática com um personagem muito parecido com
ele mesmo no passado (Jesse Eisenberg). Em todas as histórias, um conhecedor de
Woody Allen irá reconhecer outros filmes já feitos pelo diretor: há um quê de Vicky Cristina Barcelona no triângulo
amoroso que surge no núcleo de Eisenberg, as questões de Celebridades reaparecem no núcleo estrelado por Roberto Begnini, a personagem
de Ellen Page é uma atriz, cuja carreira ainda não decolou, como diversos
outros personagens de Woody, etc... Além
disso, há uma multiplicação da personalidade de Allen, já que em cada um dos
núcleos há um personagem fazendo o papel que geralmente corresponde a ele,
inclusive ele próprio. Aliás, seu personagem continua sendo o mesmo desde o
início de sua carreira, porém mais velho e, talvez por isso, cada vez mais
divertido.
No mais, há
um certo desleixo na fotografia. Woody
Allen costumava ter excelentes diretores de fotografia e esse filme deixa a
desejar nesse quesito. E numa cidade tão
linda como Roma...
De qualquer
forma, recomendo o filme, especialmente para os “iniciantes” em Woody Allen e
para os verdadeiros fãs, a quem eu sei que as pequenas redundâncias e
repetições da carreira do autor nesse filme não irão incomodar.
Assista ao trailer de "Para Roma Com Amor"
terça-feira, 19 de junho de 2012
Flaneur 18.06
(Onde? Não sei. Qualquer lugar.
Aqui. ali. Qualquer Dali.)
Silêncio.
Nada mais que silêncio e susurruos
os sons da cidade.
os seus sons
os nossos sons.
minha voz.
SUA voz na MINHA cabeça.
o tempo todo.
Sai da minha cabeça!
SAI!
Você não cabe aqui.
Não cabe!
Todos esses sons.
Como controlar pra onde vai a mente?
Te ouço constantemente quando você não está aqui
e agora, que você está aqui, não ouço mais nada.
silêncio e ruídos.
somente.
Não há mais a sua voz.
Ela fugiu de mim...
Será?
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Teatro Vivo
É vida que segue
Nas idas e vindas
encontros e desencontros
chegadas e partidas...
é vida que segue:
nos ritos, nos mitos
nos olhares, nos toques
nos ondes e quandos
nos ontens e amanhãs.
É vida que segue.
Na alegria e na tristeza
Nas boas e más intenções
Nos desejos, nos impulsos
nas maiores e menores máscaras:
é vida.
e segue...
Nas idas e vindas
encontros e desencontros
chegadas e partidas...
é vida que segue:
nos ritos, nos mitos
nos olhares, nos toques
nos ondes e quandos
nos ontens e amanhãs.
É vida que segue.
Na alegria e na tristeza
Nas boas e más intenções
Nos desejos, nos impulsos
nas maiores e menores máscaras:
é vida.
e segue...
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