quarta-feira, 17 de novembro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Não sei como
mas não sei pra quem
não sei sobre o quê
não sei como
Queria querer
mas não sei se quero
não sei quanto quero
não sei como
Queria entender
mas não sei o quê
não sei pra quê
não sei como
Queria sentir
mas não sei em quem
não sei se em mim
não sei como
Queria falar
mas não sei dizer
não sei articular
não sei como
Queria voar
mas não sei pra onde
não sei quão alto
não sei como
Queria sumir
mas não sei se posso
não sei se apago
não sei como.
Queria viver
... mas não sei como.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Negativo
Mas também não sei onde estou
Eu não estou com você
Não estou
Não sei
Não vou
Eu não tô nem aí
Eu também não sei quem estou
Eu não vou por você
Não vou
Não sei
Não sou
Eu não sei quem estou
Mas também não estou onde sou
Eu não sou com você
Não sou
Não sei
Não vou
Eu não estou em você
Eu também não vou pra onde sou
Eu não quero você
Não quero
Não sei
Não sou
...
Não?
quinta-feira, 8 de julho de 2010
A realidade...
Voltava pra casa. Parou no sinal e durante sua espera, resolveu observar o mundo ao seu redor.
Um menino de rua sentado num canteiro, ao lado da banca de jornal. Ele tinha um pacote de biscoito recheado numa mão e um biscoito, já mordido, na outra. Mas parecia nem notar isso. Seus olhos estavam semi-abertos e ele ria, numa espécie de transe. O biscoito caiu no chão, mas ele não percebeu. Estava sob o efeito de alguma substancia química que o retirava daquela realidade que ela, parada na faixa de pedestres, presenciava atentamente.
Tinha no máximo onze anos.
O sinal abriu e ela atravessou a rua. Os passantes nem notaram o menino. Ele continuou lá, no seu transe particular. O meio-biscoito no chão.
Tinha no máximo onze anos e a realidade já não podia suportar a realidade.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Sobre idealizações
Invadi o orkut de um ex-namorado hoje. Não por curiosidade de saber se ele estava namorando ou não, se estava bem ou não, nem pra fuxicar os scraps e fotos como é costume de ex-namoradas. Invadi por pura saudade. E qual não foi minha decepção ao ver a página daquilo que ele quer mostrar ao mundo que é. Decepção em diversos níveis e vou começar pelo mais baixo, aquele parece despeito (Ah, gente... deespeito é algo que simplesmente NÃO DÁ pra me acusar...): ele tá feio e barrigudo. Ele não era assim... ou era... e o amor é realmente cego! Mas enfim... não era disso que eu queria falar e pra variar eu vou me desviando do assunto principal e criando um texto non-sense que não tem nada a ver com o tema principal: as idealizações:
Existe um primeiro tipo de idealização que é aquele que fazemos dos outros. Aquele de quando conhecemos alguém e achamos a pessoa o máximo e jogamos todas as nossas expectativas nela e quando conhecemos a pessoa de verdade nos decepcionamos. Não porque a pessoa é ruim, mas porque ela não encaixa naquela forma que preparamos para elas. Superada essa decepção, podem surgir belos relacionamentos. Ou não.
Digamos que um belo relacionamento surja a partir disso. E acabe. Anos depois, de alguma maneira, acabamos idealizando esse relacionamento e esquecendo as coisas ruins... (Sou só eu que vejo o mundo desse jeito???) Sentimos saudade de algo que não podemos ter mais e que na verdade nunca tivemos, porque esse relacionamento é só uma memória modificada, uma foto antiga pintada com canetinha com as cores que nos interessam (ou tornam as coisas mais interessantes para nós....). Ok... tem pessoas que fazem o contrário e só vêem o lado ruim das coisas e rabiscam a foto com caneta preta, mas eu prefiro o meu jeito. Fato é que a memória está ali para ser modificada por nós da maneira que bem entendemos
Aí – pá!, ou melhor, clic! – criam um treco chamado Orkut. E eu dou de cara com um terceiro tipo de idealização: aquela que fazemos de nós mesmos.Aquele cara naquela página não era o meu ex namorado. Não era o cara que eu conheci bem, e passei tantas noites enrolando meu dedo no cabelo dele e conhecendo cada nuance das cores dos olhos dele. Não era. Ou será que era? Será que ele mudou tanto e eu não sei? Será que ele é aquele imbecil que ele quer fazer parecer no perfil dele no Orkut?
Aí fica a pergunta: até que ponto somos aquilo que tentamos mostrar que somos nos nossos perfis virtuais? Até que ponto queremos nos tornar aquilo que mostramos em nossos perfis virtuais? E até que ponto só mostramos nesses perfis o que achamos que vai ser interessante para os outros? Até onde isso é consciente e quando isso foge do controle?
O que as pessoas vêem quando encontram meu perfil virtual? Que tipo de espectativas ele desperta?
Sei lá...
Acho tudo isso tão esquisito.
Fato é que a vida seria tão mais fácil sem todas essas idealizações...
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Um Brinde
Ao dia corrido
Ao abraço quente
Ao acontecido
À celebração
À cerveja que esquenta
À lagrima que escorre
Ao colo que me alenta
À lucidez ausente
À sobriedade calada
Ao instante, ao momento
Ao desejo que se apaga.
Ao pelo, ao cheiro
À pele, à boca
Pelos corpos que se perdem
Nessa vontade louca
sábado, 10 de abril de 2010
Lugar de guardar Zepelin
Sentou-se na cama e pegou o controle remoto sobre a mesinha de cabeceira. Apontou para a parede, de onde desceu uma enorme tela. Clicou algumas vezes, em busca de um arquivo específico. Família. Histórias de família. Surge na tela a imagem de uma velhinha numa cadeira de balanço. Ela se sacode lentamente para trás e para a frente na cadeira. O pezinho no chinelo de flanela sai levemente do chão todas as vezes que a cadeira vai para trás. Uma voz de criança pergunta:
- Vovó, o que é um zepelin?
A avó sorri. Se levanta lentamente e sai, arrastando seus pezinhos no chinelo de flanela. A cadeira de balanço continua balançando lentamente, até parar. A avó volta com um zepelin em miniatura na mão. Uma mãozinha curiosa o recebe.
- Vovó, é verdade que você era aeromoça?
A avó balança a cabeça afirmativamente.
- De zepelin?
Ela sorri e sacode a cabeça novamente.
- E porque parou?
- Depois de um acidente em pouso de um zepelin em Nova Jersey, proibiram que os zepelins voltassem a voar.
- Ahh...
A mãozinha continua a analisar o zepelin de brinquedo curiosamente.
"Eu sempre quis voar de zepelin."
"Lugar de guardar zepelin. Não constroem mais lugar de guardar zepelin. Apenas lugares pra guardar carros, ônibus, aviões, pessoas... Mas não lugar de guardar zepelin."
Abre a caixa redonda sobre a mesinha de cabeceira. Pega dentro dela uma pequena ferramenta que encaixa na lateral de seu pescoço. Sua cabeça solta-se de seu corpo. Mecanicamente, com uma mão de cada lado do crânio, coloca sua cabeça dentro da caixa redonda e a fecha. Continua sentada na cama, com as mãos paradas paralelamente na sua frente.
"Não controem mais lugar de guardar zepelin. Apenas lugar de guardar cabeça."
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Notas sobre o carnaval carioca
Madonna e Jesus no Rio. Beyoncé no Rio. Paris Hilton. e 3 milhões e meio de pessoas presentes nos blocos. Ah... esqueci de comentar o calor de 40 graus que serviu para tornar toda essa experiência mais agradável. Minha saga começou na 6a feira de carnaval em Santa Teresa, mais precisamente no Carmelitas e terminou provavelmente na madrugada do domingo pós-carnaval bebendo na Lapa. Nesse meio tempo, fui à praia (onde era impossível ver o mar) e apreciei toda a maravilha que é o choqe de ordem no carnaval aplicado por nosso amado governador Sérgio Cabral... Falando nele, pra quem não viu posto aqui uma nova pérola. Vale a pena ver a "ordem" de quem estamos seguindo:
Como dizem por aí: Tá no inferno, abraça o capeta!