quarta-feira, 21 de agosto de 2013

em processo


experimentar:
testar algo novo
trocar elementos
tentar de novo
o objeto é sujeito
ou melhor, não há objeto
o experimento é subjetivo
o que experimento individualmente
é diferente do que o outro experimenta.

e ao mesmo tempo...
esse sujeito é coletivo
acrescenta ao todo
experimenta comigo
e com o outro
com o todo,
dialeticamente.
troca ao invés de mão única:
o artista que educa
o educador que faz arte
o educador é artista?
educar é a arte
de construir para desconstruir
e utilizar as pedras das ruínas 
para uma nova construção.

ambos - artista e educador - entendem o mundo da mesma forma:
desconfiam
analisam 
experimentam
mergulham no mundo para transformá-lo
ousam olhar para as estrelas
e abrir as portas para outros mundos.

para Monique Lima

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Castelos de Areia


Dia de sol. Os dois pequenos brincavam na beira do mar. Riam. Construiam cada um seu próprio castelo de areia. Olhavam o castelinho do outro, imitavam partes, inventavam outras. Entre os dois castelos fizeram um enorme fosso, que enchia de água toda vez que o mar batia mais forte. Sobre ele, juntos construíram uma ponte. Ele fazia desenhos na areia com o dedão do pé. Ela saia para catar conchas e pedrinhas para adornar o castelo dele. Numa dessas idas e vindas, tropeçou e caiu sobre o próprio castelo, que desmoronou parcialmente. Ele tentou ajudá-la a levantar, perguntou se ela estava bem. Ela sacudiu a areia da cabeça e passou por cima do castelo dele. Foi embora. Ele, sozinho, voltou a erguer sua construção. No outro extremo da faixa de areia ela, de pé, o observava com os olhos cheios de lágrimas. Quando o castelo estava quase completamente refeito, ela se aproximou devagar. Estendeu a mão e entregou uma bonita concha. "Pra enfeitar a torre." Ele colocou a concha no ponto mais alto do castelo. Depois, se afastou um pouco. Ficaram de pé, lado a lado, observando o castelo pronto. "Ficou bonito" - ela disse. Ele sorriu sem olhar pra ela. A ponte entre seu novo castelo e os escombros do dela havia desmoronado.


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

pesadelo

Conversando com você na minha cabeça
ouvindo seu monólogo do outro lado
descobrindo suas razões, seus medos, suas inseguranças
concordando, discordando, tentando compreender
te ouvindo na minha mente
criando panoramas imaginários
paraísos indiscretos infernos que me tiram do chão
caminhos rompidos por uma voz:
a minha. confusa, dizendo: - por aí, não!
Aí eu volto.
refaço o caminho
reencontro o fio
recomeço de novo
em sua direção
te olhando no olho
e você foge
diz coisas que...
não entende.
entende.
me aceita.
me abraça
e me faz rir.

acendi a luz.
fiquei aqui, coração acelerado
olhando pro teto
criando paraísos
revendo pesadelos
e tentando te tirar da minha cabeça.

me deixa dormir?

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

eu

Eu, que sempre falei muito
sou capaz de calar
que há anos bebo muito
sinto vontade de parar

Eu, que sempre fui ansiosa
aprendi a esperar
que uso máscaras para tudo
acho fácil me mostrar

Eu, que fingia alegria
me sinto feliz finalmente
que sempre soube quem sou
sou hoje alguém diferente

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

promessas

vou te escrever um poema por dia
mandar uma mensagem por hora
toda noite, olhar no seus olhos
só pra você entender
que a vida é mais gostosa com você

vou falar bobagem
atrasar sua viagem
pedir ajuda com a bagagem
até você perceber
que pra mim, é melhor com você

vou te pedir pra ficar
vou te deixar ir embora
te ignorar e te dar bola
só pra fazer você ver
que é mais divertido com você

vou te apresentar o mundo
te fazer respirar fundo
te esquecer por um segundo
até que você, enfim
não queira viver sem mim.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Overdose

taquicardia
cócegas no estômago
dormência generalizada
risos descontrolados
irracionalidade
paranormalidade
telepatia
sentido de frequências alheias
da frequência do mundo
papo de boteco sem mesa de bar
percepção plena do outro
paranóia
uma criança voadora
o Shrek
medo da vida normal
medo do mundo real
medo da abstinência

ressaca.



(pronta para mergulhar novamente dentro de mim
porque sem minha dose diária é impossível...
me
completar)