Invadi o orkut de um ex-namorado hoje. Não por curiosidade de saber se ele estava namorando ou não, se estava bem ou não, nem pra fuxicar os scraps e fotos como é costume de ex-namoradas. Invadi por pura saudade. E qual não foi minha decepção ao ver a página daquilo que ele quer mostrar ao mundo que é. Decepção em diversos níveis e vou começar pelo mais baixo, aquele parece despeito (Ah, gente... deespeito é algo que simplesmente NÃO DÁ pra me acusar...): ele tá feio e barrigudo. Ele não era assim... ou era... e o amor é realmente cego! Mas enfim... não era disso que eu queria falar e pra variar eu vou me desviando do assunto principal e criando um texto non-sense que não tem nada a ver com o tema principal: as idealizações:
Existe um primeiro tipo de idealização que é aquele que fazemos dos outros. Aquele de quando conhecemos alguém e achamos a pessoa o máximo e jogamos todas as nossas expectativas nela e quando conhecemos a pessoa de verdade nos decepcionamos. Não porque a pessoa é ruim, mas porque ela não encaixa naquela forma que preparamos para elas. Superada essa decepção, podem surgir belos relacionamentos. Ou não.
Digamos que um belo relacionamento surja a partir disso. E acabe. Anos depois, de alguma maneira, acabamos idealizando esse relacionamento e esquecendo as coisas ruins... (Sou só eu que vejo o mundo desse jeito???) Sentimos saudade de algo que não podemos ter mais e que na verdade nunca tivemos, porque esse relacionamento é só uma memória modificada, uma foto antiga pintada com canetinha com as cores que nos interessam (ou tornam as coisas mais interessantes para nós....). Ok... tem pessoas que fazem o contrário e só vêem o lado ruim das coisas e rabiscam a foto com caneta preta, mas eu prefiro o meu jeito. Fato é que a memória está ali para ser modificada por nós da maneira que bem entendemos
Aí – pá!, ou melhor, clic! – criam um treco chamado Orkut. E eu dou de cara com um terceiro tipo de idealização: aquela que fazemos de nós mesmos.Aquele cara naquela página não era o meu ex namorado. Não era o cara que eu conheci bem, e passei tantas noites enrolando meu dedo no cabelo dele e conhecendo cada nuance das cores dos olhos dele. Não era. Ou será que era? Será que ele mudou tanto e eu não sei? Será que ele é aquele imbecil que ele quer fazer parecer no perfil dele no Orkut?
Aí fica a pergunta: até que ponto somos aquilo que tentamos mostrar que somos nos nossos perfis virtuais? Até que ponto queremos nos tornar aquilo que mostramos em nossos perfis virtuais? E até que ponto só mostramos nesses perfis o que achamos que vai ser interessante para os outros? Até onde isso é consciente e quando isso foge do controle?
O que as pessoas vêem quando encontram meu perfil virtual? Que tipo de espectativas ele desperta?
Sei lá...
Acho tudo isso tão esquisito.
Fato é que a vida seria tão mais fácil sem todas essas idealizações...